Será que os altos níveis de CO2 do passado contradizem o efeito de aquecimento do CO2?
O que a ciência diz...
A glaciação do Ordoviciano foi um breve período frio durante uma era quente, devido a um somatório de condicionantes. Ela é inteiramente consistente com a ciência do clima.
O CO2 já foi mais alto no passado
"A derradeira prova de que o CO2 não regula o clima é encontrada em registros dos períodos Ordoviciano-Siluriano e Jurássico-Cretáceo, quando os níveis de CO2 eram maiores que 4000 ppmv (partes por milhão por volume) e 2000 ppmv, respectivamente. Se a teoria do IPCC estivesse correta, deveria ter havido um aquecimento global desenfreado nesses períodos, no entanto houve glaciação." (The Lavoisier Group)
Geólogos se referem à formação de calotas de gelo e às idades do gelo como "glaciações". Uma dessas glaciações que ocorreu no Ordoviciano Superior, aproximadamente 444 milhões de anos atrás, chamou a atenção de cientistas climáticos e céticos. Para se ter uma ideia de tempo, essa glaciação ocorreu mais de 200 milhões de anos antes dos dinossauros surgirem sobre a Terra.
Diferente de outras glaciações nos últimos 500 milhões de anos, essa foi excepcionalmente breve (durando talvez apenas um milhão de anos ou próximo disso), mas a razão principal para tanto interesse é por que ela ocorreu quando os níveis de CO2 estavam, aparentemente, extremamente altos. Como Ian Plimer escreveu em seu livro "Heaven and Earth", pág. 165:
"A prova de que o CO2 não regula o clima pode ser observada em glaciações antigas... se a visão catastrofista popular for aceita, então deveria ter havido um aquecimento desenfreado quando o CO2 estava acima de 4000 ppmv. Ao invés disso, houve glaciação. Claramente um nível de CO2 atmosférico alto não regula o aquecimento global e não há qualquer relação entre temperaturas globais e o CO2 atmosférico."
Em uma rápida análise, Plimer traz um ponto interessante: se calotas de gelo existiram em um ambiente com níveis ultra-altos de CO2, por que a maioria esmagadora de cientistas do clima se preocupa tanto em manter baixos os níveis de CO2?
Para respondermos isso, precisamos encontrar algumas peças perdidas deste quebra-cabeça. Comecemos com o CO2.
O valor de 4000 ppmv ou superior, alegado por Plimer, foi retirado do trabalho de Robert Berner - GEOCARB, um conhecido modelo geoquímico para o CO2 do passado. Como o Ordoviciano ocorreu muito tempo atrás, existem grandes incertezas para o período (de acordo com o modelo, o CO2 estava entre incríveis 2400 a 9000 ppmv). Mais do que isso, o modelo GEOCARB tem um intervalo mínimo de tempo de 10 milhões de anos, levando Berner a desaconselhar, explicitamente, o uso dele para estimar os níveis de CO2 do Ordoviciano Superior devido à inabilidade de considerar a flutuação de CO2 de curta duração. Ele menciona que "os valores específicos de CO2... não devem ser considerados literalmente".
E quanto às evidências dessas flutuações de curta duração do CO2? Pesquisas recentes têm descoberto evidências de temperaturas mais baixas do que até então imaginadas para os oceanos durante o Ordoviciano, criando condições ideais para um grande pulso de diversidade marinha, levando a uma grande redução dos níveis de CO2 da atmosfera pela utilização deste nos oceanos. Um período de formação de montanhas também estava a caminho (a chamada Orogenia Tacônica), aumentando o intemperismo das rochas e reduzindo mais ainda os níveis de CO2. A evidência para uma oscilação de curta duração do ciclo do carbono definitivamente está aí.
Um outro fator importante é o Sol. Durante o Ordoviciano, ele estaria muito menos brilhante de acordo com modelos nucleares, bem embasados, das principais sequências de estrelas. Surpreendentemente, isso aumenta o limite de CO2 necessário para uma glaciação ocorrer para um desconcertante valor de 3000 ppmv. Isso também explica (junto com o efeito da forçante logarítmica do CO2) por que um evento de aquecimento desenfreado não ocorreu: com um Sol mais fraco, um valor mais elevado de CO2 é necessário para impedir a Terra de congelar.
Em resumo, nós sabemos que o CO2 foi, provavelmente, muito alto no Ordoviciano Superior. No entanto, a subsequente queda do CO2 foi breve o suficiente para não ser registrada no modelo GEOCARB, mas ainda assim baixa o suficiente (com a ajuda de um Sol mais fraco) para desencadear formações de gelo permanentes. Em outras palavras, foi uma era quente com um breve mergulho em um período frio, devido a uma coincidência de fatores.
O diagrama a seguir (simplificado) pode auxiliar no entendimento da questão:
Quando se observam eventos como este no longínquo passado geológico, é vital ter em mente que existem muitas incertezas e que, genericamente falando, quanto mais para trás nós olhamos, mais incertezas existem. Conforme nossas técnicas paleoclimáticas forem melhorando e outras descobertas surgirem, esta história sem dúvida nenhuma será refinada. Além disso, apesar do CO2 ser um elemento chave no controle do clima, seria um erro pensar que ele é o único a controlá-lo; ignore os outros elementos e você provavelmente irá interpretar a história do jeito errado.
Refutação a nível básico escrita por steve.oconnor
Atualização em Julho de 2015:
A seguir uma vídeo-aula relacionada ao tema, do curso Denial101x - Making Sense of Climate Science Denial
Leitura Complementar
A revista Science magazine publicou o artigo The Mountains That Froze the World de Phil Berardelli. O texto explica o trabalho de Seth Young, explicando como o mundo entrou em condições glaciais durante o Ordoviciano tardio (em inglês).
Essa fantástica palestra pelo geólogo Richard Alley é, na minha opinião, obrigatória para todos que querem entender o papel do dióxido de carbono ao longo da história da Terra. A palestra pode ser encontrada no link: The Biggest Control Knob: Carbon Dioxide in Earth's Climate History (em inglês).
Translation by Luciano Marquetto, . View original English version.
Argumento cético...