Recordes de precipitação de neve refutam o aquecimento global?
O que a ciência diz...
Afirmar que recordes de precipitação de neve são inconsistentes com um mundo em aquecimento demostra um desconhecimento sobre a relação entre aquecimento global e precipitações extremas. O aquecimento proporciona maior umidade no ar o que leva a eventos de precipitação mais extremos. Isso inclui nevascas mais intensas em regiões onde a precipitação de neve é favorável. Longe de contradizer o aquecimento global, recordes na precipitação de neve são previstos por modelos climáticos, sendo consistentes com nossa expectativa de eventos de precipitação mais extremos.
Recordes de precipitação de neve refutam o aquecimento global
"O aquecimento global continua trazendo confusão a este pequeno planeta azul: um novo recorde foi estabelecido na quarta-feira, quando Chicago teve seu nono dia consecutivo de precipitação de neve mensurável, e Flint, no Michigan, quebrou um recorde de 95 anos na manhã da última quarta-feira, quando a temperatura caiu à congelantes 19 graus abaixo de zero. O recorde anterior? Menos 10 graus, ocorrido em 1914. Por outro lado, provavelmente irá continuar a nevar em Chicago nos próximo dias. O aquecimento global é claramente... frio!" (Michael van der Galien)
O inverno de 2009/2010 assistiu a um número dramático de nevascas quebrando recordes. O inicio de Fevereiro viu duas nevascas do tipo "uma a cada 100 anos" atingir a Filadélfia, sendo agora apelidadas de "Snowmageddon". Seriam os recordes de precipitação de neve uma prova de que o aquecimento global não está acontecendo? O que dizem as observações? 2009 foi o segundo ano mais quente já registrado. O mês de Janeiro de 2010 foi o Janeiro mais quente nos registros do satélite UAH. Dados de satélite indicam que o último mês foi o segundo Fevereiro mais quente nos registros de satélite. As observações mostram que os rumores sobre a morte do aquecimento global foram extremamente exagerados.
Figura 1: Medidas do Satélite UAH para temperaturas próximas à superfície. Janeiro de 2010 é o janeiro mais quente nos registros do satélite. Fevereiro de 2010 é o segundo Fevereiro mais quente nos registros do satélite. Clique na imagem para uma versão ampliada.
Se o aquecimento global ainda está ocorrendo, por que algumas regiões ainda passam por eventos recordes de precipitação de neve? À medida em que o clima se aquece, a evaporação aumenta nos oceanos. Isso resulta em mais vapor d'água no ar. Globalmente, o vapor d'água atmosférico aumentou em cerca de 5% ao longo do Sec. XX. A maior parte desse aumento ocorre a partir de 1970 (IPCC AR4 3.4.2.1). Este fato é confirmado por satélites que mostram que a umidade atmosférica total vem crescendo desde que as medições começaram, em 1988 (Santer 2007).
Figura 2: Variação na quantidade percentual de vapor d'água sobre o oceano para o período entre 1988 e 2004, junto com a tendência linear, medida por satélite (IPCC AR4 3.4.2.1).
Espera-se que a umidade extra no ar produza mais precipitação, incluindo mais eventos extremos de precipitação. As observações corroboram este fato. Um estudo sobre precipitação nos Estados Unidos concluiu que eventos de precipitação intensa (acima de 50mm por dia) aumentaram em 20% ao longo do Séc. XX (Groisman 2004). A maior parte desse aumento ocorre a partir de 1970. Várias análises de precipitação ao redor do globo mostram, de maneira similar, um aumento generalizado de dias de precipitação intensa desde 1950 (Alexander 2006, Groisman 2006).
Figura 3: Número total de dias por ano nos quais a precipitação foi maior do que 10 mm por dia, expresso como uma anomalia, para o período de referência que vai de 1961 até 1990 (Alexander 2006).
Nevascas podem ocorrer se as temperaturas estiverem entre -10°C e 0°C. O aquecimento global diminui as chances de nevascas nas regiões mais quentes, ao Sul. Porém, nas regiões mais frias, ao Norte, as temperaturas são, em geral, frias demais para precipitações intensas de neve, de forma que o aquecimento pode trazer condições mais favoráveis para nevascas (Kunkel 2008). Isso está bem claro nas observações. Ao longo do último século, houve uma queda na frequência de nevascas sobre o Meio Oeste, Sul e Costa Oeste do EUA. Por outro lado, houve um aumento de nevascas no alto Meio Oeste, Leste e Nordeste, com a tendência nacional geral também aumentando (Changnon 2006).
Afirmar que recordes de precipitação de neve são inconsistentes com um mundo em aquecimento demostra um desconhecimento sobre a relação entre aquecimento global e precipitações extremas. As temperaturas globais nos últimos meses de precipitação recorde de neve estão entre as mais quentes já registradas. O aquecimento proporciona maior umidade no ar, o que leva a eventos de precipitação mais extremos. Isso inclui nevascas mais intensas em regiões onde a precipitação de neve é favorável. Longe de contradizer o aquecimento global, recordes na precipitação de neve são previstos por modelos climáticos, sendo consistentes com nossa expectativa de eventos de precipitação mais extremos.
Refutação intermediária escrita por John Cook
Atualização em Júlio de 2015:
A seguir uma videoaula relacionada ao tema, do curso Denial101x - Making Sense of Climate Science Denial
Última atualização em 26 de Outubro de 2016 por pattimer. Ver arquivos
Translation by Aldo Fernandes, . View original English version.
Argumento cético...