O que nos mostra o estudo de Naomi Oreskes sobre o consenso?
O que a ciência diz...
Uma avaliação dos artigos que os críticos afirmam refutar o consenso, de fato, mostram que eles endossam o consenso ou são revisões (p.ex. não trazem nenhuma nova pesquisa, apenas analisam outros artigos). Isso levou Benny Peiser a retirar suas críticas sobre o estudo de Oreskes.
O estudo de Naomi Oreskes sobre o consenso foi falho
A alegação de "consenso" repousa quase que inteiramente em um único comentário impreciso e desatualizado, de uma página, na revista Science, intitulado O Consenso Científico sobre as Mudanças Climáticas (The Scientific Consensus on Climate Change) (Oreskes 2004). Benny Peiser conduziu uma pesquisa na literatura publicada entre 1993 e 2003 na base de dados da ISI Web of Science. Sua pesquisa demonstrou que vários resumos desmentiam a alegação de unanimidade de Oreskes, rejeitando explicitamente ou lançando dúvidas sobre a ideia de que as atividades humanas são os principais catalisadores do aquecimento observado nos últimos 50 anos. (Fonte: Consensus? What Consensus?)
Em 2004, Naomi Oreskes buscou todos os resumos de artigos publicados entre 1993 e 2003, sobre o assunto "mudança climática global". Ela buscou somente artigos científicos revisados, na base de dados da ISI Web of Science. Sua pesquisa não conseguiu encontrar nenhum artigo que rejeitasse a posição de consenso de que o aquecimento global dos últimos 50 anos é, predominantemente, antrópico. 75% dos artigos concordavam com a posição de consenso, enquanto 25% não faziam nenhum menção a respeito (p.ex., focavam em métodos ou análises paleoclimáticas).
Refutação de Benny Peiser
Benny Peiser repetiu a pesquisa de Oreskes e afirmou ter encontrado 34 artigos rejeitando o consenso. Contudo, um exame de cada um desses 34 estudos revela que a maioria deles não rejeita o consenso de modo algum. Os artigos restantes na lista de Peiser são editoriais ou cartas, não estudos revisados. Desde então, Peiser retirou suas críticas ao trabalho de Oreskes:
Somente [uns] poucos resumos rejeitam explicitamente ou duvidam do consenso sobre o AGA (aquecimento global antrópico), é por isso que retirei publicamente esse ponto da minha crítica. [...] Eu não acho que alguém esteja questionando se estamos em um período de aquecimento global. Nem duvido que a grande maioria dos climatologistas concorde que o período atual de aquecimento se deve, principalmente, ao impacto humano."
A refutação do Visconde Monckton de Benchley
Apesar da retratação de Peiser, o mesmo argumento foi repetido pelo Visconde Monckton de Benchley (e plagiado por Schulte). Aqui estão os cinco estudos que Monckton diz que Oreskes deveria ter incluído na sua pesquisa, pois rejeitam a posição de consenso:
- Análise multiresolução de séries temporais aplicada à irradiação solar e reconstruções climáticas (Ammann 2003) encontrou uma correlação entre a atividade solar e a temperatura. Contudo, as reconstruções das temperaturas usadas terminam na metade do século 20, antes da tendência moderna de aquecimento global, e não abordam a posição de consenso de que o aquecimento dos últimos 50 anos é, principalmente, antrópico. Porém, Ammann publicou um estudo mais recente examinando registros de temperaturas mais atualizados, concluindo que "embora os efeitos solar e vulcânico pareçam dominar a maioria das variações lentas do clima dos últimos mil anos, os impactos dos gases de efeito estufa dominam desde a segunda metade do último século" (Ammann 2007).
- Forçante solar das mudanças climáticas desde metade do século 17 (Reid 1997) encontrou uma conexão entre a variabilidade solar e mudança climática, concluindo que "a forçante solar e os gases de efeito estufa antrópicos contribuíram praticamente da mesma forma para o aumento da temperatura global que ocorreu entre 1900 e 1955". Considerando que a forçante de CO2 era muito mais baixa antes de 1955, enquanto a forçante solar era muito maior devido à atividade solar, esta conclusão serve somente para reforçar a posição de consenso. Mais sobre o Sol...
- Comitê Ad Hoc sobre o Clima Global: relatório anual (Gerhard 2000) é uma publicação não revisada por pares. A pesquisa de Oreskes incluiu somente estudos revisados por pares. Isso é inclusive reconhecido por Schulte.
- Efeito estufa atmosférico no contexto das mudanças climáticas globais (Kondratyev 1995) é uma revisão, não um artigo - de fato ele não inclui nenhuma pesquisa, apenas revisa outros estudos. A pesquisa de Oreskes incluiu somente artigos, não revisões.
- Avaliação e impactos das incertezas nas mudanças climáticas (Fernau 1993) é outra revisão, não um artigo, e se encontra no Social Science Citation Index. Os artigos amostrados por Oreskes foram retirados do Science Citation Index.
Refutação intermediária escrita por John Cook
Atualizado em julho de 2015:
Clique no link para assistir uma videoaula relacionada ao tema Denial101x - Making Sense of Climate Science Denial
Última atualização em 4 de novembro de 2016 por MichaelK. Ver Arquivos
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Leituras adicionais
- Deltoid analisa os estudos citados por Schulte, Monkton e Peiser afirmando que Oreskes deveria te-los incluído na sua pesquisa como rejeitando o consenso. Ele inclui uma comparação interessante entre os textos de Schulte e Monkton.
- Fergus Brown critica a crítica de Schulte a Naomi Oreskes (interessante comentário neste post).
- Naomi Oreskes escreveu uma continuação mais aprofundada de seu trabalho de 2004 - The Scientific Consensus on Climate Change: How Do We Know We’re Not Wrong? (PDF)
- Você pode assistir ao vídeo do YouTube com a apresentação de Naomi Oreskes The American Denial of Global Warming (são 58 minutos, mas vale a pena ser visto).
Translation by claudiagroposo, . View original English version.
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