O gelo do mar Ártico voltou ao normal?
O que a ciência diz...
O gelo espesso do mar ártico está em rápida retração.
O gelo do mar Ártico se recuperou
"Aqueles que têm acompanhado os dados do NSIDC (Centro Nacional de Dados sobre Gelo e Neve) e da JAXA (Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial) sobre gelo marinho notaram que este tem sido um ano extraordinário até o momento, com o gelo do mar Ártico atingindo a linha "normal" em alguns conjuntos de dados...
Até agora, a JAXA mostra que temos mais gelo do que em qualquer outro momento dos últimos 8 anos de medições do satélite Aqua para o conjunto de dados AMSR-E." (Anthony Watts, 22 de Abril de 2010)
Discussões sobre a quantidade de gelo marinho no Ártico frequentemente confundem duas medidas muito distintas sobre a quantidade de gelo existente. Uma medida é a extensão do gelo marinho a qual, como o próprio nome diz, mede a extensão do oceano coberta em 15% ou mais da sua superfície, por gelo. Essa é uma medida bidimensional; a extensão não nos diz quão espesso é o gelo. A outra medida do gelo Ártico, que usa as três dimensões, é a de volume, que indica quanto gelo realmente existe.
O gelo marinho consiste de uma camada de gelo novo, a qual é fina, e uma camada de gelo mais antiga, a qual vem acumulando volume, chamada de permanente ou plurianual. A camada plurianual é muito importante porque ela constitui a maior parte do volume de gelo do Polo Norte. Volume também é uma medida importante quando se trata de mudanças climáticas, porque é com o volume de gelo – a enorme quantidade dele – que a ciência está preocupada, e não com a quantidade de mar coberta por uma fina camada dele*.
Ao longo do tempo, o gelo marinho reflete as rápidas mudanças do clima. É impulsionado, principalmente, pelas mudanças na temperatura da superfície, recuperando-se e derretendo de acordo com as estações, ventos, nuvens e correntes oceânicas. Em 2010, por exemplo, a extensão do gelo marinho se recuperou dramaticamente em Março, apenas para voltar a derreter em Maio.
O gelo marinho está sujeito aos fortes efeitos de curto prazo, por isso, embora não possamos concluir nada sobre a saúde do gelo a partir dos dados de alguns anos, surge uma tendência óbvia no espaço de uma década ou mais, mostrando um redução de cerca de 5% na cobertura média de gelo marinho, por década.
Fonte: Rayner et.al., 2004, atualizado
Para onde foi o gelo espesso?
Quando consideramos a camada de gelo plurianual e analisamos várias medições desta, vemos um declínio acentuado nesse gelo espesso. Como você pode imaginar, o gelo mais espesso precisa muito mais calor para derreter, por isso o fato dele estar desaparecendo tão rápido gera grande preocupação.
Fonte: Centro de Ciência Polar, Universidade de Washington
Está claro a partir de vários conjuntos de dados, terrestres e por satélites, que tanto a extensão do gelo quanto o volume da camada plurianual estão diminuindo. A extensão do gelo marinho se recuperou ligeiramente durante o inverno Ártico de 2008-09, mas a real dimensão da redução ou ganho de gelo anual pode ser observada no mês de Setembro de cada ano, ao final do verão Ártico. O volume da camada plurianual de gelo não tem se recuperado e está mostrando uma tendência fortemente negativa.
* Nota: Embora uma fina camada de gelo não nos diga muita coisa sobre o estado geral da perda de gelo no Ártico, ela nos diz muito sobre o Albedo, a propriedade do gelo de refletir o calor de volta para o espaço. Quando o gelo marinho diminui, mais calor passa para os oceanos. Isso aquece o gelo espesso e acelera o derretimento da camada fina de gelo, a qual por sua vez permite que mais calor se acumule nos oceanos. Isso é um exemplo de retroalimentação positiva.
Refutação básica escrita por GPWayne
Atualizado em Julho de 2015:
Segue um vídeo-palestra relacionado ao assunto: Denial101x - Making Sense of Climate Science Denial
Última atualização em 14 de julho de 2015 por MichaelK. Ver Arquivos
Translation by claudiagroposo, . View original English version.
Argumento cético...